Estou a colocar alguma parte da minha vida em espera?
Estou, sim... Praticamente a minha vida toda. E podia escrever aqui, e repetir pela milésima vez a mim mesma as razões, que nada iria mudar. Estas últimas semanas, todos os dias, sem excepção, perco noção do tempo e espaço enquanto faço o caminho estação de comboio - casa de tão absorvida que vou nos meus pensamentos.
São praticamente 20 anos de depressão, quase 20 anos de oscilações entre tristeza profunda, muito rancor (que é um sentimento que me assusta muito), indiferença e injustiça. E a única coisa que alterou ao longo destes anos foi a minha atitude perante estas emoções. Não percebo se as aceitei ou se aprendi a contorná-las, ou a não senti-las, ou a ignorá-las porque tudo continua na mesma. Continuo a sentir-me vazia, sem rumo e insatisfeita sem saber como fazer alterações.
Portanto, sim... Tenho a vida em suspenso. Parece que estou a definhar, à espera da morte. Vou fingindo que está tudo ok. Vou rindo e fazendo rir sem ninguém saber como realmente me sinto. E sinto-me francamente melhor. Muito melhor. Mas sinto-me melhor por me ter afastado de tudo e todos.
Só o meu emprego me estimula e, por vezes, não o faz da melhor forma. Continuo a contornar regras que não me fazem sentido, e a ser pouco rigorosa e séria com assuntos que me são indiferentes. Já percebi que sou ambiciosa profissionalmente mas sem orientação nem planos concretos e sem saber realmente o que quero fazer da vida, frustro-me facilmente. Ainda assim, não me posso queixar da equipa mas continuo a sentir-me à parte.
Estou carente, preciso de falar, de desabafar, sem ser julgada nem aconselhada nem comparada. Fazia-me bem um abraço sincero.
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