Depois da Tempestade...
... um post de uma hater ...
Moro a, sensivelmente, três quilómetros da praia e a dois da estação de comboio. É certo que, se à noite ouvimos o comboio passar, é sinal que vai chover. Em dias de tempestade, no silêncio da noite, consigo ouvir o tumulto do mar.
Sim... moro naquela localidade onde foi construída uma universidade à beira mar. Onde ser surfista e skater é a coisa mais importante da vida e que dá likes e followers. Moro na localidade que se vende como a Califórnia portuguesa. Onde os cabelos estragados pelo sol e sal (e coincidentemente cada vez mais longos - deve ser uma coisa de surfistas e skaters) contrastam com a pele bronzeada, até no Inverno! A mesma localidade onde, aquela a que chamávamos por gozo de feira internacional de Carcavelos, tornou-se mesmo um espaço cosmopolita, de relevância e qualquer dia é elevada a uma daquelas categorias de Património Mundial da UNESCO.
Sou pouco dada a modas. Maria não vás c'as outras! Gosto de ser do contra. E se o areal carcavelense já estava mais pequeno, os banhistas têm de se desviar constantemente das zonas denominadas (de forma irregular, e demarcadas com bandeirolas para onde as ondas os levem) para as escolas e escolinhas e surfirstas independentes durante o verão e as enchentes de pinguins e focas na água que se atropelam na p*ta! da água!
Odeio ver como a minha terra foi vendida. Desenvolvida para estrangeiros. No caminho que faço de casa à praia não consigo ficar indiferente ao facto de não ouvir português. Esta é uma terra de contrastes. Uma mistura de casas velhas e mal tratadas com 10 inquilinos por metro quadrado com aquilo que considero mansões de vedações altas, algumas como nos filmes, e respetivos topos de gama à porta.
Deixa-me f*dida saber que não havia (e continua a não haver) interesse no bem estar da população antes de nos tornarmos no país "ganha prémios". É sempre tudo em função de atração e investimento estrangeiros. Deixa-me f*dida saber que a praia está sobrecarregada e que se planeia destruir mais espaço ao ar livre para levantar mais betão.
Perdoem-me o desabafo mas diz que há uma qualquer conjunção astrológica pouco favorável. Vamos acreditar que sim...
Hoje fui até à praia apanhar um solinho.