Mil Novecentos e Oitenta e Quatro
George Orwell
Apesar da curiosidade para o ler, esta leitura aconteceu por acaso. O livro veio parar-me à mão de forma emprestada e assim mergulhei na tão famosa distopia orwelliana.
Apesar de ser uma obra de ficção, a experiência do autor como combatente na revolução espanhola contribuiu para a execução não só desta obra, como de outras, e da formação das suas opiniões políticas.
Não há muito para dizer sobre um livro já muito comentado, só fiquei a matutar nos subtis paralelismos que podemos encontrar entre a ficção e a vida real.
Winston Smith é um membro do Partido.
Trabalha no Ministério da Verdade, onde passa os dias mecanicamente a reescrever a história, de modo a ajustá-la às necessidades do governo. A cada dia que passa, a cada nova mentira, cresce nele uma revolta surda.
Num mundo em guerra constante, sob a vigilância omnipresente das câmaras e dos Polícias do Pensamento, Winston é um homem profundamente só, preso a uma organização burocrática infernal. Até ao dia em que a quase desconhecida Julia lhe passa sorrateiramente um bilhete para a mão. E nesse dia a ideia de rebelião contra o sistema começa a ganhar forma.
1984 é talvez a mais arrepiante e realista visão que a ficção nos deu acerca dos regimes totalitários. Obra especulativa, projeta no futuro uma sociedade distópica e disfuncional, onde impera o Grande Irmão (ele próprio uma ficção dentro da ficção). A hipervigilância a que são submetidas as personagens, o sentimento prevalecente de paranoia e a autocensura servem aqui para profetizar a ditadura perfeita, onde nem a liberdade de pensamento sobrevive.
Clássico absoluto, que o tempo tem vindo a refinar, ganha ano após ano uma nova atualidade - porque as formas de totalitarismo evoluem, mas o seu objetivo último não: a abolição da memória e do julgamento crítico.