A Não Correspondência
Não sei se alguma vez senti amor romântico. Nunca senti as borboletas na barriga nem os joelhos fracos nem o nó na garganta. Não por uma pessoa, pelo menos, num contexto de amor ou paixão ou desejo.
Sei, sim, o que é não ter coragem de sequer expressar o meu interesse em alguém. Por medo de me expor, de me ridicularizar, por medo da rejeição.
Não conheço a tragédia do amor não correspondido nem compreendo a dor que nos domina.
O que será pior?
Um sofrimento auto-infligido ou um causado por algo que não podemos controlar? Ter o coração aberto ao mais nobre sentimento ou tê-lo escravizado, refém dos meus fantasmas.
Foram precisos muitos dias e muitas tentativas para conseguir desenhar um coração mais ou menos simétrico. Só ontem me debrucei sobre correntes e foi mais fácil do que imaginei.