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A Introvertida

Introvertida. Intuitiva. Sentimental. Perceptiva.

25
Set22

preocupações correntes

tive de fazer este exercício porque tenho demasiada coisa a embrulhar-me a mente, a tirar-me o sono e não consigo falar. por um lado sei que estas coisas são pouco importantes e não quero incomodar as pessoas à minha volta. por outro, se não o fizer (ou quando não o faço), chego a um ponto de ruptura como aconteceu esta semana que passou.

estive um ano a trabalhar num departamento sem me sentir reconhecida. é um departamento com má reputação pela aparente desorganização e, como cheguei a ouvir, pela "pouca produtividade". como membro e representante desse departamento nunca me senti ouvida nem compreendida. nunca ninguém se sentou para entender as nossas dores e como a empresa poderia ajudar para melhorar o nosso trabalho. uma vez que o departamento lida com tarefas fáceis, toda a gente parte do princípio de que "temos uma tarefa para fazer e fazê-mo-la mal". contudo, não é bem assim. aquele trabalho não consiste em estar exclusivamente sentado à frente de um computador e com auscultadores na cabeça a ouvir a nossa música preferida, concentrados no nosso trabalho e alheados do resto da empresa. aquele departamento é o centro nevrálgico do edifício que, literalmente, toda a gente procura para qualquer coisa. as interrupções ao longo do dia são constantes e sempre me foi impossível terminar qualquer tarefa de uma vez só. o meu único colega durante meses demonstrava uma atitude preguiçosa e hesitava em fazer certos tipos de trabalho. faltou por doença diversas vezes (algumas por desleixo) e procurou imensas vezes razões para ir embora a meio dia dia. tive de me desdobrar ainda mais para fazer o trabalho, para fazer horas extra e ainda trabalhar a partir de casa durante o fim de semana.

em janeiro chegou uma pessoa que deveria coordenar a nossa equipa. uma das coisas que logo compreendeu foi a atitude do colega, a indisponibilidade e desinteresse em fazer certas coisas e a inaptidão para fazer tantas outras. e protegeu-me. mas protegeu-me sem nunca o corrigir. e ele foi fazendo cada vez menos, reduzindo-se a uma única tarefa - aquele que ele queria exactamente.

a minha frustração foi crescendo e a minha paciência diminuindo. não só com ele mas sobretudo com a coordenadora e a directora da empresa. por não se impor e não criar ordem. e apesar de nunca me ter calado com esta falta de acção, nada nunca mudou. a directora tinha compreendido a minha preferência por trabalho de backoffice e mencionou mudanças estruturais que conseguiam acomodar este meu desejo. contudo, eu mantive-me nas mesmas funções e o meu colega é que, de mansinho, ficou com as funções que, na minha cabeça, estavam destinadas a mim.

saí do departamento com um sentimento de inutilidade, de pouco reconhecimento e que tudo o que havia ali feito tinha sido em vão. que havia tanto mais para fazer e organizar. todos os dias corria de um lado para o outro, entretida com as minhas tarefas e sabendo que o trabalho nunca escassearia por esta necessidade de melhoria constante. mas estava a matar-me saber que nem todos estavam a bordo e que nem todos participavam nem queriam saber da mesma forma que eu. matava-me a ideia ser eu a pessoa com processos a desenvolver mas ser eu a fazer todo o trabalho diário sem poder desenvolver e dar luz a estas ideias. e deixei de trabalhar horas extra e deixei de trabalhar a partir de casa pelos 750 € de salário base que recebo, pelas 3 horas diárias de transporte público que me moem e as noites em branco pela preocupação constante de que estou a fazer um trabalho insatisfatório e pelo barulho nocturno que os vizinhos produzem.

saí do departamento para outro em plena "época alta", com imenso trabalho e processos a despachar. vantagem? estar sentada sem ser constantemente interrompida e conseguir levar a cabo as minhas tarefas. em dois meses ganhei fama de pessoa competente e organizada. em equipa, com a pessoa que considero minha coordenadora (apesar de não ter título, vejo-a dessa forma) conseguimos despachar cerca de 150 a 200 processos no espaço de 3 meses e fomos reconhecidas com um prémio monetário. ela foi ligeiramente aumentada (que tardou tendo em conta o suor que ela colocou na empresa desde o início) mas comigo ninguém falou.

neste momento sinto-me prostrada pelo abrandamento do volume de trabalho e que me tem dado mais tempo para sentir a inutilidade das minhas tarefas e de que forma é que o trabalho que faço faz a diferença. para que serve aquilo que faço? a quem ajudo? porque a longo termo sei que vou ficar presa a tarefas administrativas, a lamber papel, sem poder de decisão e dependente de outros para o terminar. sei que sou capaz de mais mas dou por mim constantemente no mesmo tipo de trabalho que não me preenche de forma nenhuma.

sou a primeira a apregoar que o trabalho não devia ser assim tão importante na vida mas a realidade é que lá estamos uma grande parte do nosso dia.

trabalho numa empresa em que há uma divisão entre staff português e staff estrangeiro. estes têm salários mais altos e regalias como quarto ou apartamento, escola dos filhos, festinhas aqui e acolá a horas a que o staff português, que trabalha das 9h às 18h não pode comparecer. é certo que as funções deles são diferentes e de maior relevância, mas o staff português não aumenta ainda que o negócio o esteja a exigir. todos nos desdobramos a fazer tarefas que não nos competem e estamos todos com ordenados miseráveis que não permite pagar casa, contas e comer.

os clientes da minha empresa são, em cerca de 70%, estrangeiros. ricos, com imenso poder de compra. a empresa para a qual trabalho foi criado por um casal de estrangeiros que viu na borreguice portuguesa uma oportunidade de ganhar milhões utilizando a mão de obra barata que somos. um casal de estrangeiros que declina dar ao seu staff português as mesmas regalias que oferece aos estrangeiros.

o nosso país é vendido como um género de paraíso com óptimas praias e comida, estilo de vida calma e maior qualidade de vida. para quem exactamente??! a califórnia da europa, "diz ela" onde até temos o nosso próprio "silicon valley" (oeiras). o país que atrai empresas multinacionais e que cria postos de trabalho com a nossa mão de obra barata. somos um país de call centres, trabalhamos em cubículos sem ver a luz do dia mas desde que trabalhemos para a google ou microsoft, vale a pena. custa-me imenso andar pelas ruas da capital (e não só) e não ouvir português. custa-me já não existirem mercearias como as que conhecemos mas em cada canto encontramos corredores e pequenas lojas a que chamam mini mercados e que vendem um pouco de tudo a preços elevados!

assusta-me imenso pensar no futuro. assusta-me as pessoas pensarem que isto é normal. assusta-me que não lutem nem se rebelem contra isto tudo. os últimos dois anos foram uma prova de como somos ignorantes, crédulos e demasiado maleáveis. como facilmente nos separam como povo que tem os mesmos interesses básicos.

perdoem-me mas este é o meu manifesto contra esta modernidade e liberalismo que estão longe de se parecerem com progresso. esta sociedade doentia com falta de identidade e direcção. esta corrida louca por dinheiro que nos cega e nos faz agir de forma desumana; a loucura por gastar e consumir e comer fora e repetir ainda que não haja possibilidade financeira para isso. cada vez mais trânsito, cada vez menos civismo e preocupação com as pessoas à nossa volta. noticiários que não são mais que pura propaganda. não há discussão. há pessoas que são caladas e caluniadas, vidas destruídas por terem um pensamento diferente. televisão de lixo que nos entorpece com entretenimento oco. manipulação da língua! já viram como as palavras têm sido distorcidas e cujas definições têm vindo a mudar consoante a narrativa que nos querem vender?

que obsessão é esta com a praia e concentrar tudo na costa enquanto o interior definha. porque não criar oportunidade e postos de emprego nas cidades mais interiores. ajudar empresas portuguesas em vez de atrair ainda mais call centres?

e produção?! porque associamos (expliquem se puderem, por favor, porque não compreendo) produção a países mais pobres? porque razão não somos auto-suficientes? não haverá mesmo capacidade?

por acharem que têm poder de compra as pessoas estão loucas e acham que podem prejudicar os projectos dos outros. acham que porque estão a pagar podem ser mal educadas e tratarem os outros como seres inferiores. o cliente está louco! e não tem a razão que costumava ter. vivemos numa autêntica torre de babel. ninguém se compreende apesar de estarmos a falar a mesma língua. toda a gente quer ser compreendida sem se dar ao trabalho de compreender os outros.

onde está o sentido de comunidade? porque achamos que temos de reprimir a nossa cultura e aquilo que nos define? que vergonha é esta que de repente nos assomou?

perdoem-me mas este é o meu manifesto contra a década de 20 do século 21. porque ainda agora começou e prenuncia a loucura que ainda está para vir.

24
Set22

que 3 lições queres dizer à tua criança?

1. não tenhas medo. tenho noção que ao longo da vida me detive de fazer muita coisa por medo. neste momento debato-me com um dos meus maiores medos e ainda não consegui ultrapassar a pior parte.

2. não esperes pelos outros. não esperes que te acompanhem, que te apoiem nem que estejam sempre lá para ti. cada um é a pessoa mais importante para si próprio e a sua vontade, os seus desejos e opiniões valem. no fundo, diria para não te traíres nunca.

3. exercita-te e come bem. gosto muito de exercício físico mas não tenho motivação própria. tenho mais vontade e puxo mais por mim em aulas de grupo ou se alguém me acompanhar com objectivos. não precisamos de corpos esculturais para a fotografia na rede social nem para os "gostos" mas para regularmos a energia que nos é necessária para o dia a dia. desta forma podemos comer um pouco de tudo, fazer uma dieta equilibrada e, de preferência, baseada em produtos que a terra e a natureza nos dão. é tudo o que precisamos pois dela fazemos parte.

Em resposta ao desafio da Ana de Deus.

light bulb.png

ilustração criada em Canva

12
Set22

algo sobre o signo que faz sentido e o que não faz sentido

 entrámos num dos meus temas preferidos!

o meu signo solar é carneiro. nascida a 7 de abril.

uma das características que se atribui aos carneiros é a impulsividade e, apesar de estar um pouco mais controlada, confere... sou impulsiva. sou acelerada e sou uma pessoa de acção. se é para fazer é para fazer logo. também já tomei consciência de que sou directa nas coisas que digo mas também tem sido domado ao longo do tempo. e nunca o fiz com intenção de magoar. simplesmente não tinha noção dessa frontalidade. hoje em dia sou mais incisiva de propósito e quando, muito honestamente, não quero saber dos sentimentos dos outros (contando que os outros são adultos e sabem tomar conta de si próprios ou porque também já foram directos e frontais comigo).

sinto em mim essa energia masculina que caracteriza o signo de carneiro.

diz-se que pessoas nascidas sob o signo de carneiro são líderes. esta não tenho em mim ou ainda não desabrochou. confesso que sinto um desejo de autoridade às vezes, principalmente quando vejo tudo desorganizado, só não sei tomar os comandos.

Em resposta ao desafio da Ana de Deus.

aries.jpg

ilustração feita por mim

05
Set22

sobre o que estás excitada

confesso que estou a passar um momento muito positivo na vida. nada sendo perfeito, não me lembro de me sentir tão bem como tenho sentido nos últimos meses. não me lembro de um ano assim.

o facto de ter conseguido mudar de funções no trabalho e estar a fazer algo mais calmo e com maior possibilidade de reconhecimento - que tenho mesmo recebido tanto de forma pessoal como remunerada. e estar a começar uma relação e sentir-me mesmo contente com esta fase.

de 2010 até ao ano passado que o meu bem estar mental não estava tão equilibrado e constante como está agora.

Em resposta ao desafio da Ana de Deus.

doll.jpg

ilustração minha

04
Set22

5 bênçãos na tua vida

hmmm...

1. a minha vida (oportunidade de desenvolvimento e crescimento)

2. a minha educação (valores e bom senso)

      depois destes 2 fica difícil continuar...

3. as pessoas que tenho conhecido e desconhecido (com efeitos positivos e negativos)

4. os lugares onde já estive e descobri (alguma belezas feias e feiuras belas)

5. a minha sorte (não me posso queixar de nada...!)

Resposta ao desafio da Ana de Deus.

5 bençãos.png

ilustração criada em Canva

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