Há duas coisas que têm pairado no meu espaço mental. Não me tiram o sono mas aumentam exponencialmente a minha ansiedade. Uma mais que outra.
Uma delas é a minha relação em estado embrionário. Eu nunca estive numa relação a sério antes e sei que é isso que ele quer. Com direito a apresentações a família e fins de semana e férias juntos. Se por um lado o facto de eu ainda querer manter as coisas em segredo me dá ansiedade pela possibilidade das pessoas descobrirem, por outro fico extremamente nervosa de pensar em apresentá-lo à minha família. Conhecendo-os como conheço, consigo prever as reacções e o choque porque... ele não tem nada a ver comigo. E tenho um pai e um irmão com um nível de preconceito que me algum desânimo.
Eu própria duvido muitas vezes da escolha que fiz ao lhe dar atenção e aceitar os convites dele. Não sei se sei o que é uma relação nem como me comportar. O que é esperado de mim? Emocionalmente, sou uma pessoa esquiva. Tenho conseguido evitar algumas situações onde me sinto mais desconfortável desculpado-me (a mim) com o facto de não estarmos em nenhuma relação assumida. Mas também... quando se assume realmente? Não quero que ele pense que estou a tirar partido dele nem a aproveitar refeições nem passeios ao fim de semana. Aliás! Temos discussões sobre isto porque ele não está num situação financeira estável e custa-me vê-lo gastar dinheiro tão regularmente comigo, mesmo eu querendo pagar as coisas a meias. O que mais me causa preocupação é o meu pavor à intimidade. Eu não me importo que ele me toque (já me importei com o toque dos outros) mas a eventual ultrapassagem do meu pânico causa-me desconforto antecipado.
O outro assunto que ainda me perturba tem a ver com trabalho. De sentir que estou, constantemente, numa prova. Que mereço estar onde estou. Que sou trabalhadora e destacar-me em relação à minha antecessora. Eu não tive uma boa relação com ela e nunca consegui sentir-me à vontade no mesmo espaço que ela. Para me sentir pior ainda, é o tipo de pessoa que a equipa colocava num pedestal, lançava passadeira vermelha e ainda lançava pétalas de rosas para a madame passar. Nunca consegui perceber este tratamento, que lhe dava espaço e conforto para ser o que quisesse ser. Até ouvir o nome dela me deixa desconfortável! E ainda levará algum tempo até as pessoas a considerarem como uma peça perdida do puzzle, que ficou no passado.
Em resposta ao desafio da Ana de Deus.
![overthink.png]()
ilustração criada em Canva