tenho estado para escrever sobre a minha paixoneta há algum tempo. porque já não sei se é só uma paixoneta. se é mais ou se é menos. se o sentimento é meu e original ou se foi aprendido e crescendo em mim.
faço estas perguntas porque tenho na minha vida uma pessoa para quem nunca olharia uma segunda vez se passasse por mim na rua. é extrovertido, tira-me do sério, tem maneirismos que me irritam e a sua (falsa) auto-estima roça, para compensar, a arrogância. temos origens e estilos de vida muito diferentes. mas concordamos em algumas coisas. "nem sou bonito", diz ele. e não é. consigo ver nele tudo o que não mostra ao mundo nem quer mostrar. vejo nele uma necessidade de desabafar e mostrar-se vulnerável. que faz, já fez e quer continuar a fazer.
há uns meses atrás reparei que ele começou a dar-me mais atenção e a minha, por arrastão, também se começou a virar para ele. daí não conseguir perceber se o meu interesse é legítimo se é apenas prazer em ser alvo de atenção de alguém. e dou por mim a querer estar com ele, a querer tratá-lo como se fosse mais que um amigo. noto e sei que ele se preocupa comigo e apenas consigo reciprocar. mas também não sei se é por querer realmente o bem dele se é apenas para nivelar o cuidado que ele tem comigo.
já jantámos e sinto que ficou imenso por dizer e contar. e falamos todos os dias. começou por ser só de manhã, depois de manhã e à noite e agora já preenchemos os nossos dias com trocas de palavras, de impressões, de interesses.
Em resposta ao desafio da Ana de Deus.
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ilustração criada em Canva